domingo, 11 de julho de 2010

Histórias de filho do Sertão, de um Seresteiro e de um Avô.

Neblina turva e brilhante / Em meu cérebro coágulos de sol / Amanita matutina / E que transparente cortina / Ao meu redor...


E se eu disser / Que é meio sabido /  Você diz que é bem pior / Você diz quem é bem pior / E pior do que planeta / Quando perde o girassol...

É o terço de brilhante / Nos dedos de minha avó / E nunca mais eu tive medo / Da porteira / Nem também da companheira / Que nunca dormia só...



José Ramalho Neto, compositor e cantor brasileiro, conhecido com Zé Ramalho.

Se você procurar no Google é isso que vai achar e com certeza uma lista imensa de músicas, uma biografia à venda e curiosidades e mais curiosidades...
Achei isso tão vago, tão estúpidamente vago... você só encontra a alma de alguem no trabalho dele, nas ações, nos feitos.

Poeta do Sertão, Seresteiro do Brasil, Estudioso de um Povo Desacreditado, Percusor de Bom Som...

É isso que vejo em Zé Ramalho, é isso que ele me mostra nas suas letras, nas melodias, no tom da sua voz rebuscada de nordestino cheio de orgulho de seu Sertão de suas raízes. Vemos estas Raizes e este orgulho a km de distância... Uma poesia cantada, escolhida e vivida...




O brejo cruza a poeira / De fato existe / Um tom mais leve / Na palidez desse pessoal / Pares de olhos tão profundos / Que amargam as pessoas / Que fitar...



Mas que devem sua vida / Sua alma na altura que mandar / São os olhos, são as asas / Cabelos de Avôhai ...

Na pedra de turmalina / E no terreiro da usina / Eu me criei / Voava de madrugada / E na cratera condenada /  Eu me calei / Seu eu calei foi de tristeza / Você cala por calar / E calado vai ficando / Só fala quando eu mandar...





É nestas horas que me lembro de minha mãe cantando Avôhai na cozinha com seu rádio de pilha e meu pai batendo o pé no chão no ritmo da pegada, como era divertido tentar imita-los. Ver suas reações, ver seus sorrisos. "Ao som de bom música se vai longe!" - " A música é como livro, uma hstória, só que se conta com ritmo" sempre me disse meu pai. Dias felizes... Música boa...

Onde estão estes momentos? Cadê a boa música do nordeste? Onde as raízes foram parar? Tenho medo que não se levante mais os bons músicos... Boa música é imortal, disso eu tenho certeza, é a verdade disso que me incomoda... é a estagnização que me deixa inquieta... Precisamos de poetas novos, novos contadores de história com ritmo, gente que sonhe e veja a verdade como Zé Ramalho que precisam se levantar.. SONHADORES DA VERDADE...


Rebuscando a consciência / Com medo de viajar / Até o meio da cabeça do cometa /Girando na carrapeta/  No jogo de improvisar / Entrecortando / Eu sigo dentro a linha reta / Eu tenho a palavra certa /Prá doutor não reclamar...
Avôhai! Avôhai!
Avôhai! Avôhai!
   


2 comentários:

Unknown disse...

Oi Vevezinha!!^^
Amiga, como você bem sabe, amo ler o que você escreve e amo ouvir seus conselhos..
O post está ótimo, é bom ler algo que seja fora do usual do "google" de vez em quando, algo de qualidade..^^"
Tenho que dizer, tivemos meio que a mesma situação: raiz musical dos pais(graças a Deus o meu tinha muito bom gosto musical, só ouvia Rock - beatles e Raul -, mpb, música clássica...) \o/ Tudo bem q teve um sertanejo(de raiz!!!!), mããããs...
Como você, prezo que surjam os novos poetas, pq eles estão aí(não é possível q não!!!), mas a mídia está tão voltada para os cines e restarts da vida q eles acabam sem espaço..
É isso aí, continue assim!!
Beijos e beijos, sua amiga Lou!! ~_^

Unknown disse...

Brigada Amiga!!Vamos nos unir quem sabe não descobrimos alguns perdidos pela cidade...^^
Beijos!